segunda-feira, abril 25, 2005

EM CASABLANCA



EM CASABLANCA


É urgente

eu te conhecer,

não dentro do encantamento

que é tecido

num espaço sem forma.

É preciso

que tu me conheças.

Que entendas

o lado estúpido e vulgar,

que também faz parte de mim.

Que ambos tomemos consciência,

no meio de uma boa gargalhada,

que a vida se instalou,

para nós,

em planetas diferentes

e que rotas de colisão

só vão existir

quando quisermos

tomar um chá em Casablanca.

CASABLANCA



CASABLANCA

Uma mesa periclitante
com duas “caricas” a equilibrá-la.
Quatro cadeiras,
com ferrugem três delas.
A outra de plástico,
requeimada pelo sol.
Gente de língua estranha
borboleteava em ruelas estreitas,
de cheiro a incenso e canela.
Sombras femininas deslizavam discretas
entre albornozes de árabes barulhentos.
Uma bandeja cheia
de copos de chá menta
fumegou perfumada.
Sem piano e Humphrey,
entre sorvos cautelosos,
deslizei no meu primeiro pôr de sol
em Casablanca.

sábado, abril 23, 2005

LUA D'ÁGUA

Ontem embarquei noutra aventura lunar.
Um Amigo criou um blog para as suas fotos fabulosas e convidou-me para por lá uns textos.
E nasceu a LUA D'ÁGUA.
Com LUA CHEIA::))
Apareçam... serão benvindos::))
xi
maria

sexta-feira, abril 22, 2005

PORQUE SIM

Há uns tempos fui a um astrólogo com uma amiga e a primeira coisa que me disse depois de "construir" o meu mapa astral foi além de desconcertante, hilariante e passo a citar -
Você é a pessoa que se está mais nas tintas para o que o que os outros pensam que eu já encontrei na minha vida. Não é atitude. Você é mesmo assim.
Nunca me tinham "CATADO" tão bem. A minha amiga ria e eu concordei, um bocado assarapantada, confesso. A partir daí, foi um desfiar de análises que acertaram em cheio.
Mas isto vem a propósito do meu blog.
Hoje vou por aqui algo que vem no seguimento de um tema que tenho vindo a seguir com muita atenção e fascinação mesmo. E estou-me nas tintas que o texto seja longo ::))



DNA E EMOÇÕES
por Gregg Braden

A seguir três assombrosas experiências com o DNA que provam as qualidades e auto-cura do mesmo em consonância com os sentimentos da pessoa, como foi reportado recentemente por Gregg Braden em seu programa intitulado Curando Corações/Curando Nações: A Ciência da Paz e o Poder das Orações. Gregg Braden começou como cientista e engenheiro antes que se fizesse as "grandes perguntas".

EXPERIÊNCIA Nº1

A primeira experiência foi realizada pelo Dr. Vladimir Poponin, um biólogo quântico. Nesta experiência começou-se por esvaziar um recipiente (quer dizer que se criou um vazio em seu interior) e o único elemento deixada dentro foram fotões (partículas de luz). Foi medida a distribuição destes fotões e descobriu-se que estavam distribuídos aleatoriamente dentro deste recipiente. Este era o resultado esperado.

Então foi colocada dentro do recipiente uma amostra de DNA e a localização dos fotões foi medida novamente. Desta vez os fotões tinham-se ORGANIZADO EM LINHA com o DNA. Em outras palavras, o DNA físico produziu um efeito nos fotões não físicos.

Depois disto, a amostra de DNA foi removida do recipiente e a distribuição dos fotões foi medida novamente. Os fotões PERMANECERAM ORDENADOS e alinhados onde tinha estado o DNA. A que ficaram conectadas as partículas de luz? Gregg Braden diz que somos impelidos a aceitar a possibilidade que exista um NOVO campo de energia e que o DNA se está comunicando com os fotões por meio deste campo.

EXPERIÊNCIA Nº 2

Este experiência foi levado a cabo pelos militares. Foram recolhidas amostras de leucócitos (células sanguíneas brancas) de um número de dadores e retirado o seu DNA. Estas amostras foram colocadas num local equipado com um aparelho de medição das mudanças eléctricas. Nesta experiência o dador era colocado em um local e submetido a "estímulos emocionais" provenientes de vídeo clips que geravam emoções ao dador. O DNA era por sua vez colocado num lugar diferente daquele em que se encontrava o dador, mas no mesmo edifício.

Ambos, dador e seu DNA eram monitorizados e quando o dador mostrava seus altos e baixos emocionais (medidos em ondas eléctricas) o DNA expressava RESPOSTAS IDÊNTICAS e AO MESMO TEMPO. Não houve lapso e retardo de tempo de transmissão. Os altos e baixos do DNA COINCIDIRAM EXATAMENTE com os altos e baixos do dador.

Os militares queriam saber o quão distantes podiam ser separados o doador e o seu DNA e continuarem observando este efeito. Pararam a experiência quando a separação atingiu 80 quilómetros entre o DNA e seu dador e continuaram obtendo sempre o MESMO resultado. Sem lapso e sem retardo de transmissão, respostas em simultâneo. Que significa isto? Gregg Braden diz que isto significa que as células vivas se reconhecem por uma forma de energia não reconhecida anteriormente. Esta energia não é afectada pela distância e nem pelo tempo. Esta não é uma forma de energia localizada, é uma energia que existe em todas as partes e todo o tempo.

EXPERIÊNCIA Nº3

A terceira experiência foi realizada pelo Institut Heart Math e o documento que lhe dá suporte tem este título: Efeitos locais e não locais de frequências coerentes do coração e alterações na conformação do DNA (Não se fixem no título, a informação é incrível!)

Esta experiência relaciona-se directamente com a situação gerada com o antrax. Nesta experiência usou-se DNA de placenta humana ( a forma mais pristina de DNA) e colocou-se num recipiente onde se podiam medir as alterações do mesmo. 28 amostras foram distribuídas em tubos de ensaio, o mesmo número de pesquisadores previamente treinados. Cada pesquisador havia sido treinado a gerar e SENTIR sentimentos, e cada um deles podia desenvolver fortes emoções. O que se descobriu foi que o DNA MUDOU DE FORMA de acordo com os sentimentos dos pesquisadores:

1. Quando os pesquisadores sentiram gratidão, amor e apreço, o DNA respondeu RELAXANDO-SE e seus filamentos esticaram-se. O DNA tornou-se mais grosso.

2. Quando os pesquisadores SENTIRAM raiva, medo ou stress, o DNA respondeu APERTANDO-SE, compactando-se. Tornou-se mais curto e APAGOU muitos códigos.

Já se sentiu alguma vez "descarregado" por emoções negativas? Agora já sabe porque seu corpo também se descarrega!

Os códigos de DNA conectaram-se novamente quando os pesquisadores voltaram a ter sentimentos de amor, alegria, gratidão e apreço. Esta experiência foi aplicada posteriormente a doentes com HIV positivo. Descobriram que os sentimentos de amor, gratidão e apreço criaram RESPOSTAS DE IMUNIDADE 300.000 vezes maiores que a que tiveram sem eles.

Assim que temos aqui uma resposta que nos pode auxiliar a permanecermos com saúde, sem importar quão daninho seja o vírus ou a bactéria que esteja flutuando ao redor. Mantendo os sentimentos de alegria, amor, gratidão e apreço.

Estas alterações emocionais foram muito mais além de seus efeitos electromagnéticos. Os indivíduos treinados para sentirem amor profundo foram capazes de mudar a forma de seu DNA. Gregg Braden diz que isto ilustra uma nova forma de energia que conecta toda a criação. Esta energia parece ser uma REDE ESTREITAMENTE TECIDA que conecta toda a matéria. Podemos influenciar essencialmente esta rede de criação por meio de nossas VIBRAÇÕES.

RESUMO:

Que tem a ver os resultados destas experiências com nossa situação presente? Esta é a ciência que nos permite escolher uma linha de tempo que nos permite estar a salvo, não importa o que aconteça. Como Gregg explica no seu livro O EFEITO ISAIAS, basicamente o tempo não é apenas linear (passado, presente e futuro), mas também é profundidade. A profundidade do tempo consiste em todas as linhas de tempo e de oração que possam ser pronunciadas ou que existam. Essencialmente, suas orações já foram respondidas. Simplesmente activamos a que estamos vivendo por meio de nossos SENTIMENTOS.

É assim que criamos nossa realidade, ao a escolhermos com nossos sentimentos. Nossos sentimentos estão activando a linha do tempo por meio da rede de criação, que conecta a energia e a matéria do universo.

Lembre-se que a lei do Universo é que atraímos aquilo que colocamos o nosso foco. Se você se focar em temer qualquer coisa seja lá o que for, está enviando uma forte mensagem ao Universo para que te envie aquilo a que mais temes. Em troca, se se puder manter com sentimentos de alegria, amor, apreço ou gratidão e focar em trazer mais disto para tua vida, automaticamente vai afastar o negativo.

Estaria escolhendo uma LINHA DE TEMPO diferente com estes sentimentos. Podem prevenir o contágio do antrax ou qualquer outra gripe ou vírus, permanecendo nestes sentimentos positivos que mantêm um sistema imune extraordinariamente forte. Sendo assim, esta é uma protecção para o que vier: Busque algo pelo qual estar alegre todos os dias, cada hora se possível, momento a momento, ainda que sejam alguns poucos minutos. Esta é a mais fácil e melhor das protecções que pode ter.

Gregg Braden é o autor de "The Isaiah Effect"(O EFEITO ISAIAS) e de "Awakening to the Zero Point"(DESPERTANDO PARA O PONTO ZERO)

Fonte original: http://www.greggbraden.com

Traduzido para o português por: Liane B. de Mesquita

quarta-feira, abril 20, 2005

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Recebi às seis da manhã, um telefonema da Alemanha em que a minha filha pedia para eu falar com uma amiga italiana que acabara de se refugiar em sua casa depois de estar à beira de ser morta (estrangulada)pelo marido.

Quando escrevi o meu livro SENHORES DO MEDO, aprendi muita coisa.

Algumas que eu considero que podem fazer a diferença entre a vida e a morte.

- As brigas e agressões têm dois lugares da casa onde começam e se tornam mais violentas - a cozinha e a casa de banho. É também o local onde se pode encontrar mais armas casuais à mão e onde as quedas são sempre mais agravadas.

- Quando uma discussão estala, a vítima deve sempre não dar resposta e tentar aproximar-se de uma saída da casa e fugir para a escada ou rua.

- Se houver filhos tentar sempre ensiná-los a saber fugir enquanto não tiver coragem de acaber com essa situação.

- E GRITAR SEMPRE!!!!

- Ter as chaves do carro sempre à mão ou um duplicado em casa de alguém perto.

- Ter duplicados dos seus documentos em casa de alguém.

- E sobretudo não ter vergonha. Quem tem que a ter não é a vítima mas sim o agressor. SEMPRE.

Na Alemanha, como cá, como no mundo inteiro a Violência Doméstica existe em pleno século XXI.

Acho que vou beber um chá bem doce porque a minha boca ficou muito amarga.
A alma, essa tem de se recompor.

terça-feira, abril 19, 2005

ENTREVISTA

Olá Pessoal ::))

Se tiverem paciência ou tempo, amanhã é transmitida uma entrevista comigo na RTP Internacional às 14.30H e na RTP África às 17.45h. Sairá noutra data, na RTP2.
E nada de dizer mal de mim::))
xi
maria

segunda-feira, abril 18, 2005

FALTA DE CHÁ... NO MÍNIMO...

Hoje tive de recorrer ao Posto de Saúde e aguentar (é o termo exacto) com a minha médica de família.Quando estava a ser atendida(seria?) entrou uma funcionária pela porta dentro para ver se a dita médica se dignava em atender mais uma urgência. Um rapaz que tinha sido mandado do hospital. Então despencou um chorrilho de idiotices tais como: - Vou ter de o operar aqui? Em cima da secretária? e por aí fora.. A funcionária ansiava por saber se ela atendia ou não o desgraçado e depois de muita troça, lá disse que sim.
E eu a assistir.
Não falo da minha pseudo-consulta porque é para esquecer.
Quando cheguei cá fora, deparei-me com o tal rapaz, mais verde e mais doente que metia dó e percebi que fora mandado do hospital para a médica de família lhe passar as credenciais para análises e mais exames médicos.
A ternura daquele mãe comoveu-me pois aconchegava aquele rapaz enorme e quase o transformava num bebé, acariciando-lhe a cabeça que repousava no seu regaço.
Deve ter sido extremamente bem recebido pela (megera)médica que lhe deve ter atirado mais uma piada parva ou até ter sido incorrecta como já tenho presenciado.
Perfeitamente lamentável.

sábado, abril 16, 2005

SUGESTÃO

Sugestão - leva a tua Loba espiritual contigo na 2ª feira e vais ver o que acontece ao teu chefe....ehehehe

PORQUÊ...




Testemunho passado por Um Olhar Sobre...

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Nunca tinha pensado numa dessas mas era capaz de gostar de ser A NOITE DOS TEMPOS.
Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção?
Não.
Qual foi o último livro que compraste?
Mensageiros do Amanhecer - Barbara Marciniack.
Que livros estás a ler?
Dançar com a cadela branca.
Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
Odeio ilhas.
A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
Não sei se serão três ou cinco ou sete :) ou nove...

'*_* Formiguinha *_*' porque sim :::))) - ELES SABEM PORQUÊ
GREGUEIRA "
ÁguasdeMarço "
águasdosul "
emAd tempus-em "
Republica dos Pêssegos "
Feeling kind of... "
Quando em sombras entra alguma luz "

UMA JOANINHA DENTRO DE UM SACO DE PLÁSTICO




UMA JOANINHA DENTRO DE UM SACO DE PLÁSTICO

Depois de uma violentíssima carga de água, o sol surgiu, brusco e agressivo na sua luminosidade.
Tínhamos de ir à cidade mais próxima, tratar de uma escritura e tudo o que dizia respeito a burocracia, punha-me louca furiosa.
Esbracejara toda a manhã com a minha empregada, que de atarantada, já perdera o ralo do lava-loiças, partira dois copos e deixara fugir o gato, de gesso na pata, qual pirata de perna de pau.
Para cúmulo, quando fora buscar uma amiga nossa e a minha filha, não as encontrara. Depois de uma data de voltas ao quarteirão, descobrira, que de facto, tinham vindo sim, mas que, por qualquer mágica perversa se tinham tornado invisíveis, atrasando-me assim meia hora.
Logo que deixei a minha filha em casa, rumei com a minha amiga para o notário, pedindo as horas de dois em dois segundos, pois ele, notário não se compadeceria de atrasos, embora na situação inversa, dê para escrever um drama de vinte capítulos e seiscentas páginas, no meio de assinaturas, discussões e senhas tiradas na máquina vermelhinha de balcão de carnes.

De súbito, ao passar junto de um contentor de lixo, gritei, histérica:
- Oh meu DEUS! Uma joaninha num saco de plástico!!!
A minha amiga que me vinha acalmando com aquelas frase feitas –“ ainda tem tempo ...dá perfeitamente para lá chegar” - ficou em silêncio.
Automaticamente, tirou os óculos, lentes fundo-de-garrafão, e limpou-os apressada.
Travei esbaforida, meto o pisca e toca de voltar, atabalhoadamente para trás, direitinha ao famigerado contentor.
Bruscamente a minha amiga sai da estupefacção:
- Mas conseguiu ver ???
E como eu nem respondesse, tal era a minha aflição, ela repetiu, com a voz a sumir de pasmo:
- Mas conseguiu ver ??? Uma joaninha dentro de um saco de plástico???
E como eu continuasse muda e concentrada na manobra do carro, afirmou completamente em estado de choque:
- É preciso ter muito boa vista !
Aí, eu gritei-lhe:
- Olhe! Está a ver ... ali ...dentro do saco de plástico !
E suspirando de alívio, rematei:
- Ah! É adulta e o que se vê dentro do saco é só a cabecinha, ela afinal está a comer.
Então a minha amiga percebeu. Uma gatinha de três cores, igual à minha "Joaninha" comia um petisco, perfeitamente tranquila.
Eu acho que só depois de termos saído do notário, é que a minha amiga descomprimiu do choque emocional e comunicou friamente:
- Quero comer a maior pizza que houver esta cidade!
É que eu ir a guiar e ver uma joaninha dentro de um saco de plástico a pelo menos uns seis metros de distancia, é obra.

Conto extraído da antologia "Gatos, gatinhos..."

quarta-feira, abril 13, 2005

FILHOS



Quando comecei a ter filhos, ensinei-lhes a chamarem-me Mãe.
Não Mamã ou Mãezinha ou Mamy.
Apenas Mãe porque era o que para mim definia o meu novo estatuto.
Eles foram crescendo.
Hoje a de 36 anos chama-me Mãezinha.
A de 30 chama-me Mamã.
O mais novo, 28 anos bem cumpridos, é o que calha :)Nos seus momentos de ternura é de Velhota:)
Parece-me que já não sou Mãe de ninguém :)
Se calhar sou e apenas porque sim.

segunda-feira, abril 11, 2005

PASSARAM-SE !!!!!!!

Últimas noticias da TSF, 8 horas:




Portugal tem pelo menos dois cardeais papáveis!!!

domingo, abril 10, 2005

BICHÃO



Por altura da Páscoa, aparecem uns besouros negros, outros pretos, amarelos e de rabinho branco, enormes e besourando de flor em flor.
Nunca soube o nome exacto deles mas como eduquei os meus filhos a não terem medo de animais, batizei-os de "BICHÕES".
Havia os bichinhos, os bichos e os bichões, dependendo do seu tamanho.
Há umas 2 semanas, encontrei um caído junto às flores. Peguei-lhe com muito cuidado e vi que estava sem uma patita e meio atordoado.
Coloquei-o no meio das flores e passadas umas horas fui lá espreitar. Nem sinal do bichão.
Óptimo e não pensei mais no assunto.
Faz 4 dias que um bichão entra no meu estúdio, besourando e pousando à minha frente, passeia-se com uma patita a menos e depois voa disparado.
Acredite quem quiser ::))

sábado, abril 09, 2005

CAIU NA CONTRAMÃO ... ATRAPALHANDO O TRÁFEGO.

estou a entrar nessa de sentir que estou atrapalhando quem me rodeia...esperemos que este sentimento seja fruto de algo volátil que se afaste e me deixe voltar a ser a Guerreira da Luz como alguém me chamou, a jovem intensa que circulava na faculdade, a Dona Quixotina, a maluca das guerras sem história...
A LOBA.

terça-feira, abril 05, 2005

Anjos



Pois é... eu acredito em Anjos.Vê-los ou nem por isso, também não é grande problema existencial. Eu gosto de Anjos e do meu Anjo da Guarda que me atura há uma data de anos, a esse amo-o de paixão. Depois, e eu sei, que já muita gente me confessou que os vê mesmo, interrogo-me ansiosamente: Será que estão angelicalmente vestidos sempre ou quando têm calor e nos dão uma ajudinha no jardim, se "descascam"??? Também têm o seu direito ao calor? Ou não????

segunda-feira, abril 04, 2005

A HERANÇA




Apaziguando leve,
o verde preguiçoso dos sobreiros,
chuva miudinha e fria ensopa
a areia fina e as pedras
do riacho murmurejante.
Como aragem mansa
em fim de tarde outonal,
lobos surgem da penumbra,
desconfiados e sedentos.
Silhuetas pequenas e desajeitadas
correm entre eles,
latindo de excitação.
Uma pausa de silencio
impera firme,
enquanto a sede é mitigada.
Um uivo lançado e esvaído
na tarde mansa,
descansa na alma
de quem lá estava.
O trotar rápido e cauteloso
dilui-se na floresta já negra
e novo uivo rasga a solidão,
encontrando eco
muito mais além
na bruma das serras distantes.

A HERANÇA

Era um fim de tarde gelado e cinzento, com chuva miudinha que entrava na fazenda puída do casacão, já de cor indefinida.
Caminhava havia uma boa hora
quando um ruído de motor potente se fez ouvir montanha acima.
De repente, o som desvaneceu-se e três tiros estoiraram no silencio agreste. Pronto, aí andavam eles à caça dos javalis.
Nunca mais paravam de matar.
Sou um homem que sempre viveu na serra, nasci aqui, assim como meus pais e avós.
O silêncio e a solidão eram meus companheiros constantes e cedo me habituei àquela vastidão de paisagem, aos montes dourados, banhados pelo sol de verão e que gradualmente, sem me dar conta, iam sendo pintados por um pintor misterioso que os ia matizando com cores novas e largando pinceladas de branco-neve à medida que o Inverno chegava.
Era o grande circulo pois mais uns meses e o pintor voltava a repor os tons dourados e quentes.
Novo ruído forte e um jipão surge lá em baixo, da curva da estrada, roncando pelo esforço da subida.
Passou por mim, carregando quatro homens, que gesticulavam e falavam tão alto que cheguei a ouvir palavras soltas.
Um javali morto oscilava sinistramente pendurado nas traseiras do carro. Senti-me agoniado.
Era impossível para mim, montanheiro de alma e coração, entender como tirar uma vida, podia ser desporto.
Grandes discussões, arranjara sempre que, na tasca lá da aldeia, eu saltava de palavras e alguns murros em cima do balcão, quando me vinham com a
história de que a caça era um desporto.
Matar para comer é a lei da natureza, matar por gozo, só a raça humana e com requintes como era o caso da matança aos lobos.
De quem teria partido a ideia aterradora sobre o lobo mau?
Esse ser humano devia era ter levado logo com um pau de marmeleiro pois era um dos grandes responsáveis pelas lendas absurdas sobre esse animal tão especial...
Eu tinha histórias de lobos completamente incríveis mas que não contava a ninguém porque aqui, nesta região, lobo era mesmo bicho mau.
A subida acentuou-se e comecei a abrandar. O ar gelado entrava-me peito dentro e quase queimava.
O jipão resfolegava, montanha acima, rasgando profano o silencio
profundo.
Um embate seco fez-me parar mas não entendi o que poderia ter sido pois o motor do carro continuou a ouvir-se, diluindo-se na distancia.
Alcancei a curva seguinte e um vulto caído na estrada, fez-me correr.
De súbito, o animal levantou-se, cambaleante, deu uns passos e caiu.
Um lobo.
Aproximei-me cauteloso e infeliz.
Um olhar estupefacto na sua imensa dor e um corpo que começa a arrastar-se para a berma.
Tentei timidamente tocar-lhe mas o focinho franzido indicou-me distancia.
O esforço era enorme e os olhos suplicando que não o deixasse só, naquela agonia, levaram-me floresta dentro, ajudando mentalmente e rezando para que não fosse tão grave o estado do animal, quanto parecia.
Uma convulsão inesperada deixou-me em angustia total.
Iria ser testemunha, mais uma vez, da morte de um lobo.
Tentei aproximar-me mais um pouco, recebendo um olhar exausto e desesperado.
Falei-lhe baixinho, numa tentativa de ajuda que eu sentia já ser inútil.
Um gemido saiu-lhe em estertor, mas num esforço desmedido, arrastou-se
mais um pouco e com o focinho ensanguentado, empurrou uns arbustos,
pondo a descoberto uma toca.
A sua toca.
Olhou-me e nunca mais na minha vida quero sentir aquele apelo desesperado no olhar de ninguém.
A cabeça descaiu na erva encharcada e os olhos vidrados viraram-se uma ultima vez para algo que assomava entre a folhagem.
Um lobinho escuro e cambaleante trotou a medo direito à mãe, estranhando a sua imobilidade.
Um silencio pesou e ali fiquei, estúpido e revoltado, remoendo barbaridades, caindo-me lágrimas grossas e incontiveis.
Um corpito quente e peludo encostou-se às minhas pernas.
Acordei do estupor em que me encontrava e instintivamente, baixei-me e acariciei o pequeno animal.
Depois acerquei-me da loba, que acabara de me oferecer o filho.
Tacteei-lhe o pescoço, apenas por descargo de consciência.
A vida fugira-lhe debaixo de uns pneus de jeep, guiado por um alarve qualquer, que provavelmente até guinara o volante, deliberadamente, para a matar.
Não tinha nada para cavar, portanto optei por cobri-la com ramagem, e depois de ver bem a toca e verificar que não havia mais filhotes, abri o meu casacão, aconchegando bem aquela bolinha de pelo, que gemendo e tremendo de frio, depressa serenou.
Olhei em volta, fixando pormenores, para no dia seguinte, voltar com uma pá e enterrar a loba.
Subi muito devagar, estrada fora.
Escurecia e o assobio do vento agudizava-se nos picos da serra.
Cheguei cansado e muito, muito triste.
Quem vive na serra tem por herança, o respeito pela natureza em toda a sua magnifica existência que se manifesta nas mais pequeninas coisas.
Tirei as botas enlameadas, ainda com o lobinho dentro do blusão, ele dormia tão consolado que acabei por me sentar à lareira, oscilando
suavemente, na minha velha cadeira de baloiço, pensando que a vida tinha enredos estranhos.
Eu tinha que estar ali, naquele momento, assistir àquele horror e ter o privilégio de me ser oferecido um lobinho pela sua mãe agonizante.
Nunca mais esqueceria aquele olhar, a dor, a aflição, a angustia da morte ..nunca mais.
Sempre sonhara em ter um lobo por amigo, mas jamais daquele modo.
Passaram oito anos e o Vento é o meu companheiro de todos os dias.
Cresceu, ficou mais gordo que um lobo que se preza deve ser, também mais tímido que um cão deve ser.
Oficialmente, eu arranjara-lhe uma historia bem interessante como árvore genealógica.
Como sempre, recebia por alturas do Verão, uns amigos do Canada, que faziam invariavelmente, uma bela despesa nas lojas da aldeia.
Comecei, então, a fazer correr a historia de que me iam mandar um cão de uma raça parecida com os lobos daqui.
Claro que passadas umas semanas, o dito cão apareceu e foi o encanto da toda a gente.
Os seus olhos, amarelo–âmbar eram espantosamente brilhantes e a pelagem fulva ondulava ao ritmo lento do seu andar.
Quando não gostava de alguém, levantava o focinho, mostrando os dentinhos e afastando qualquer hipótese de amizade.
Os Invernos foram correndo, o tal pintor, genial na sua paleta de cores, foi deslizando os seus pincéis sobre a serra e o Vento tornou-se a minha sombra.
Havia, no entanto, um velhote, que parava lá pelo café da aldeia onde me ia abastecer de cigarros, que, quando eu deixava o Vento amarrado na argola dos cavalos, lá fora, me olhava, olhos nos olhos, e me perguntava, fino sorriso ao canto da boca:
- Então, esse lobo mau?!
- Sempre bom, obrigado.
Invariavelmente, ele levantava-se da cadeira, no canto habitual e vinha até à rua, olhando o meu lobo de um modo tão carinhoso, que quase me fazia contar o meu segredo.
Mas a prudência travava-me a língua e depois de uma saudação, partia montanha acima, sempre ladeado pelo meu “cão”.
O tio Manel também tinha a sua lenda, que era contada à noite, à lareira, entre murmúrios de velhotes e arrepios dos mais jovens.
Inevitável era a associação entre homens, lobos e lobisomens e os serões, quando a conversa descaía para esse tema, e o tio Manel também vinha logo à baila.
Talvez porque a sua vida sempre fora solitária desde que numa tempestade, a mulher fora arrastada por uma avalanche de neve.
Isolara-se e vinha cá abaixo só quando não o podia evitar.
Era uma figura imponente, grande, alto, olhos azuis, pele curtida de muitos ventos, cabelo grisalho e barba branca como a neve assassina da sua adorada companheira...
Vivia numa casinha, bem no cimo da estrada de areia que partia da principal, aí uns seis quilómetros, serra dentro.
A minha propriedade era mais para norte, embora por vezes eu desviasse, nem sei porque e passasse lá, rente aos muros baixos, dando uma espreitada.
Aquele homem sempre me fascinara desde miúdo, sobretudo aqueles olhos que pareciam não olhar para nós mas para dentro, bem até ao fundo da nossa alma.
E desde que eu começara a trazer o meu lobo, aldeia dentro, que aquele olhar e aquele sorriso bondoso mas um pouco provocante nos seguiam, num prolongamento espiritual e silencioso que quase dava para sentir na nuca.
O Vento olhava sempre para trás quando chegava à curva da estrada e eu acabava por fazer o mesmo.
O tio Manel estava sempre parado, na borda do passeio, olhando-nos, pensativo.
Eu ficava sempre a pensar no significado daquela cena que se foi repetindo ao longo dos anos.
Hoje tinha mesmo que ir lá abaixo, como andava a tentar deixar de fumar, trouxera menos pacotes da ultima vez, e apercebera-me, de repente, de que tinha já só três cigarros.
A serra tinha aquele ar misterioso, com farrapos de neblina deslizando macios pelo vale e o silencio, só era cortado por algum piado de pássaro.
A rua estava vazia e entrei no estabelecimento, pedindo logo um café pois estava mesmo frio.
Olhei para o canto e fiquei espantado... o tio Manel não estava.
Fui perguntando mas os dois clientes e a dona do café disseram que já não viam há dias.
Saí, arrumando tudo na mochila, sempre seguido, pela presença discreta do Vento.
Quando cheguei à encruzilhada para a minha casa, hesitei mas depois, acelerei direito à casa do tio Manel.
Chamei, junto ao pequeno portão e nada.
Decidido, entrei no jardim cuidado e colorido de malmequeres e pelargónios.
Bati à porta e um murmúrio abafado soou lá de dentro.
Prendi o Vento à balaustrada do pequeno terraço, estranhando o seu olhar, excitado e de pupilas dilatadas.
Farejava enervado e o seu comportamento não era o habitual.
Fiz-lhe uma festa na cabeça, mas ele evitou-a, hábil.
Entrei, passando da luz para uma penumbra suave, tentando não esbarrar em nada, pois nem sabia onde era o comutador da luz.
Lá fui seguindo a voz do tio Manel e depois de atravessar uma sala, lindíssima, fui dar a um quarto, onde ele se encontrava.
Uma tosse violenta fazia abanar a cama.
Ele encontrava-se deitado e doente.
Mesmo assim sorriu, aquele sorriso meio atravessado que sempre me encantara desde miúdo.
- Sabia que virias....
- Isso está mesmo mau, bom vamos lá a ver o que há para aqui de remédios.
O velhote estava cheio de febre e provavelmente, teria que pedir ao médico para lá ir.
Os olhinhos dele seguiam os meus movimentos, como que esperando algo.
Estiquei-lhe as mantas, mas um peso estranho, impediu-me de o fazer.
Levantei a colcha e quatro olhinhos fixaram-me, sonolentos.
Soube instintivamente que eram lobos.
Dois.
Não tinham mais de quinze dias.
O tio Manel soerguera-se sobre a almofada e aguardava silencioso.
Sorrimos um para outro, numa cumplicidade que já datava desde que o meu Vento aparecera na aldeia, pela primeira vez.
- Os teus amigos vêm este ano???
- Acho que sim.
- Então pede-lhes que te tragam mais dois “cãezinhos” da tal raça do teu... andam por aí a dizer que há ladrões.
E mesmo cheio de gripe, nariz vermelhusco, a ternura surgiu-lhe no rosto, iluminando os olhos azuis e inteligentes.
- A propósito, já têm nomes – Trovão e Lua.

CONTO EXTRAÍDO DO LIVRO "LUA DE LOBOS" de maria de são pedro

domingo, abril 03, 2005

CHAPÉUS




Por motivos estranhos não consegui andar por aqui...
Há uns dias atrás e debaixo de grande stress, tive de me deslocar a um shopping que eu odeio.
Enquanto o meu marido procurava roupa para ele, decidi "passar-me" e fui para a secção dos chapéus de senhora.
Havia de todas as cores e feitios.
Aquilo foi mais forte.
Eu já sabia... de anjinho não tenho nada.
E comecei a prová-los.
Um a Um.
As clientes foram-se aproximando e eu divertidissima, ia fazendo comentários, descaradamente: Este fica melhor? ou Este?
E elas envergonhadamente, iam-me respondendo e aí, incitei-as a experimentar também.
Eu sabia.
Já eramos cinco e além da portuguesa (eu), estava uma brasileira, duas espanholas, uma italiana, às gargalhadas todas de chapéus e sentindo que estavamos lindas, alegres e sobretudo, com um escape para os rostos tristes que ali tinham chegado. timidamente a espreitar aquelha vélhota, ruiva e tonta a experimentar chapéus.
Soube tão bem.