terça-feira, janeiro 30, 2007

DESCANSO...

sexta-feira, janeiro 26, 2007

frase do dia

"Devido à velocidade da luz ser superior à do som, algumas pessoas parecem inteligentes até as ouvirmos."

quarta-feira, janeiro 24, 2007

A MULHER


Portal da intemporalidade voando,
pousado numa folha caída
de um Outono manso,
em diálogo intimo
de despedida,
entre urzes e sobreiros.
Lobo meu,
que de contradições pagãs,
vives a personagem mítica
num sonho de mulher.


A MULHER

Havia qualquer coisa que a estava a incomodar.
Toc, toc, toc...
Apercebeu-se de que continuava a ler a mesma página do livro, sabia Deus há quanto tempo.
Tentou concentrar-se mas em vão... não saía da mesma página, isto é,
chegava ao fim dela e não tinha percebido uma linha do que lera...ou do que não lera.
O ruído seco repetiu-se.
Toc, toc, toc ...
Levantou-se, curiosa em descobrir a origem do som.
A luz do dia enfraquecera e começou a acender candeeiros, pela sala fora, formando um ambiente acolhedor a cada recanto.
A chuva escorria, formando uma cortina opaca que asfixiava.
Maldito tempo!
E ainda faltavam dois dias para ele chegar.
Suspirou profundamente.
Aquelas viagens sempre a enervavam pois além da casa ser bastante isolada, a ausência dele deixava-a sem vontade de fazer fosse o que fosse. Necessitava da sua presença como do ar que respirava.
Sorriu.
Chegavam a estar, tarde na madrugada, sentados em cima da cama, falando de tudo e de nada, numa troca de ideias que os fazia ainda mais um do outro.
Toc, toc, toc ...
Estremeceu.
Aquele ruído ...
Aproximou-se da janela e uma sombra bateu contra o vidro. Instintivamente recuou, embatendo contra o carrinho de chá, atirando algo ao chão.
Que disparate!
Era apenas um ramo de árvore embatendo na vidraça ...
Toc, toc, toc ...
Olhou triste para o que os seus nervos tinham arranjado.
Baixou-se maquinalmente para apanhar os cacos em que ficara uma jarra chinesa.
Bem, lá teria que arranjar outra. Porém, nunca seria a mesma coisa pois aquela fora da sua bisavó, e além do seu valor como antiguidade, havia o valor estimativo que era incomensurável.
Paciência!
Quedou-se, cacos na mão, olhando o exterior. O temporal aumentara e o vento fazia as arvores abanarem com grande violência.
Nunca gostara de vento. A avó dizia com um sorriso que ela era como os gatos que também ficavam enervados com a ventania.
Instintivamente, fechou um pouco demais a mão e uma dor violenta fê-la olhar. Um fio de sangue corria de um feio golpe provocado pela porcelana aguçada.
Pousou tudo sobre a mesa e correu para a casa de banho, procurando estancar o sangue.
Voltou à sala, comprimindo o golpe e fazendo caretas de dor.
O vendaval enfurecia as árvores, agitando-as no ar, transformando-as em inimigos sombrios.
Uma aragem gélida passou suave, fazendo-a olhar à procura de alguma janela mal fechada.
Não soube bem como, mas começou a sentir que não estava só. Um arrepio eriçou-lhe a nuca e Kimi, no parapeito da janela, eriçado e gemendo, olhava fixamente algo atrás de si.
Nunca vira o seu siamês num tal estado de terror.
Ela voltou-se.
Lentamente.
De facto, não estava só ...
Uma mulher encontrava-se de pé, encostada indolentemente, à porta. Sorria, num sorriso frio.
Um lobo cinzento, imóvel e espantosamente belo estava ao alcance da sua mão esquerda.
- Mas como entrou?!
- NÃO ENTREI, ESTOU AQUI ... SIMPLESMENTE ...
- Mas ... mas ... - ela estava aterrorizada.
Havia algo que não entendia mas que sentia ser mortal, a envolvê-la.
As vestes da Mulher, douradas e metálicas, aquele lenço envolvendo-lhe o pescoço demasiado alto e que parecia emitir luz.
Tudo era chocantemente anormal ...
- Quem é a senhora?
- EM PRINCÍPIO NÃO DEVE INTERESSAR ... E DEPOIS AINDA MENOS ...
O gato gemia, baixinho, acochado debaixo do piano.
A Mulher deslizou na sua direcção e o lobo, vigilante, acompanhou-a silencioso.
Uma aragem glacial ondulou na sala.
Quis andar, fugir, gritar de puro terror mas nada fez.
Ficou, imóvel e espantada.
Vazia.
Então, a Criatura levantou as mãos e tocou-lhe ao de leve, no pescoço.
Vibrações estranhas retesaram-lhe os músculos em espasmos dolorosos.
Gritou.
Empurrou a Mulher mas as suas mãos atravessaram-na, em busca desesperada de matéria sólida que não existia.
Gritou novamente.
O lobo avançou e tocou-lhe ao de leve, na mão ferida.
Foi um roçar doce, tão íntimo que pareceu beijar-lhe a alma.
Pelos olhos cor de âmbar do animal, viu um mundo estranho, diferente e algo ameaçador.
Uma vertigem apossou-se dela, envolvendo-a, arrastando-a para o caos ...
Esferas vermelhas e brilhantes dançaram-lhe nos olhos.
Um silvo e um turbilhão de cores afogou-a, mergulhando-a na inconsciência.
Deslizou em estranhos pesadelos, com mulheres de garras douradas e lobos uivando em arremetidas loucas, sangue correndo em cascatas sobre pedras escaldantes.
Por fim, paz num suspiro longo e mortal.
Abriu os olhos.
Sentia-se tonta e enjoada.
Quis levantar-se mas as forças faltaram-lhe e voltou a tombar sobre o tapete felpudo.
De súbito, lembrou-se.
A Mulher!
Oh! Não!
Levantou-se aos tombos e procurou freneticamente por toda a sala.
Nada!
Suspirou aliviada.
Adormecera e tivera outro pesadelo. Já estava tornar-se um hábito bem desagradável.
Teria de ter mais cuidado com as leituras nocturnas pois os livros de terror que tanto apreciava, estavam a criar-lhe uma imaginação mórbida.
O facto de viver sozinha naquele casarão também não ajudava nada. Estava a transformar-se numa solteirona cheia de manias e que já começara a entrar em fase aguda.
Tinha que resolver de vez, a vinda dele para cá, com os seus animais, livros e montanhas de tralha. A casa era enorme e nunca haveria falta de espaço.
O Kimi teria um período de adaptação aos outros animais e depois iria tudo ficar em harmonia...esperava ela.
Um miar lamentoso fê-la voltar-se de repelão.
O gato, eriçado, fixava algo que ela não conseguia ver.
Levantou-se, meia zonza e seguiu-lhe a direcção do olhar.
Rangeu os dentes de fúria e medo.
Afinal ...
Um lenço de uma matéria estranha e brilhante, estava caído no chão.
Ao levantá-lo, reparou num pelo longo, cinzento e sedoso preso na dobra. apercebendo-se, nesse momento, de que a sua mão estava sem corte algum e completamente sarada.
Ficou estupefacta pois não havia sinal do golpe causado pelo caco da jarra.
No dia seguinte, todos os jornais traziam em primeira página, a mesma noticia:

FOI AVISTADO ONTEM, UM OBJECTO LUMINOSO, NÃO IDENTIFICADO, PLANANDO SOBRE A REGIÃO SUL DA CIDADE.
FORAM TIRADAS FOTOGRAFIAS MAS DEVIDO AO MAU TEMPO NÃO FICARAM SUFICIENTEMENTE NÍTIDAS PARA PODER SER TIRADA QUALQUER CONCLUSÃO ÀCERCA DA SUA ORIGEM.

do livro LUA DE LOBOS
autora - maria de são pedro

segunda-feira, janeiro 22, 2007

ainda e sempre "Esmeraldas"

Não resisti a transcrever este post e além disso esclarecer que o texto do meu anterior post é da autoria de uma juíza do www.cleopatramoon.blogspot.com que me honra com a sua amizade e que revela uma sensibilidade invulgar... que bom seria mais uns quantos magistrados com este dom.

"Quanto ao pai adoptivo, ou simplesmente PAI que, inacreditavelmente, foi condenado por «sequestro», talvez merecesse uma condecoração no próximo 25 de Abril, pela sua generosidade, humanidade, dignidade e espírito de bem fazer que demonstrou ao acolher um bebé desprezado pelos pais biológicos!!! Oxalá que se esta menina for entregue ao pai biológico, não venha a ter o futuro que tiveram outras crianças vítimas de deliberações jurídicas semelhantes que vieram a sofrer maus tratos, violações, incentivos para a mendicidade e prostituição e até morte. Seria uma questão de bom senso que as autoridades pensassem principalmente nessa criança, já feita mulherzinha, que uma família generosa e caridosa ensinou a ser pessoa, em vez de se limitarem à aplicação cega e fria de uma lei iníqua. "

Obrigada A.João Soares pelas tuas palavras
xi a todos que se têm afligido e preocupado com este problema
maria de são pedro

sábado, janeiro 20, 2007

E S M E R A L D A

Olá...
Eu sou a Esmeralda.
Correspondo a uma fórmula, tenho uma composição, densidade, dureza,... Transparência não. Mas tenho cor.Não sou uma pedra preciosa.(Pelo menos por enquanto)Não sou a deusa sagrada dos Incas nem a pedra que, segundo os Egípcios, estava ligada à fertilidade e ao renascimento.
Nem a pedra que cura a doença dos olhos também segundo esse povo....Sou uma criança de 5 anos.
Pequenina como todas as crianças de 5 anos.De repente percebi que falavam de mim , na televisão...como falam das "Pistas da Blue" .

O meu pai não o vejo há alguns dias.Como ele é militar deve ter ido em missão.
Os militares vão de vez enquando em missão, para outros países estranhos e de costumes diferentes onde há crianças que não têm água para beber e têm muitas doenças e muitas moscas em cima delas, porque não têm pai, e "às vezes", nem têm mãe..
A mãezinha diz que ele volta quando acabar o trabalho que foi fazer, mas que vai demorar muito.Não sei o que se passa ao certo porque, a mãe, não quis ficar em casa comigo como é costume e, viemos para uma casa de que eu não gosto tanto como da minha.Aqui não tenho o meu quarto, nem os meus brinquedos , nem o cheiro das minhas coisas.Eu gosto do cheiro da minha casa.Quando regresso da praia de férias, a minha casa parece sempre nova, e vou sempre a correr ao meu quarto para ver se ele lá está e, o cheiro dele também..

O Paizinho é muito meiguinho comigo e eu tenho saudades dele.Quando era mais bébé não sentia muito a falta dele, mas da mãe sim e do colinho na hora do biberão e do sono....de dia e de noite....
Quando o pai vai em missão costuma telefonar.
Ainda não telefonou.Deve ser uma terra bem longe!.
Ontem ouvi dizer que tenho uma mãe que se chama biológica . Não sei o que é isso mas só conheço a minha mãe. A que me mudou as fraldinhas, deu o leitinho, as primeiras papinhas e os miminhos todos de noite e de dia.Deve ser isso que é uma mãe biológica..Os miminhos são tão doces e quentinhos!...
Agora ando a aprender a juntar as letras com ela...É que eu já sei contar!!
Gosto do colo da mãe mas ela desde que o pai saiu anda muito triste.Dá-me colinho mas diz que está cansada e chora muito.
Deve ser do paizinho não estar e não ter telefonado ainda..
Eu gosto do colo dele!É forte e alto.Lá em cima vejo tudo!Por vezes e põe-me " às cavalitas" e corre e salta!
É bom!
Faz-me vento na barriga e dá-me vontade de rir...
Há vezes que até choro a rir!!
Tenho uma bicicleta.
Deu-ma o Menino Jesus no Natal. Ando a aprender...mas o pai tem mais paciência e força. A Mãe fica cansada de ter de empurrar e prefere ficar a ver..
Não sei como vamos fazer sem ele cá.
Também ouvi na televisão que há um senhor, que uma senhora chamada Justiça, diz que é meu pai biológico.
Não sei nada disto.Não o conheço só vi a imagem por acaso e não é o meu pai não senhora!
O meu pai eu sei bem quem é.
A Tal senhora chamada Justiça, deve ter feito confusão ou, então, não sabe mesmo quem é o meu pai..Quando o pai não está, é a mãe que me conta as histórias todas as noites.
As histórias do pai são sempre inventadas por ele... são bem mais complicadas e têm sempre muitas confusões e novidades.
Tenho medo e fazem-me rir!
Gosto de ter medo!!!!
Dá arrepios na barriga.
Os Jornais chamam a esta confusão que alguem arranjou por passarem umas filmagens de umas pessoas que não são nem o meu pai nem a minha mãe, um conflito da Justiça.
Provavelmente essa senhora está baralhada por ter tantos livros de histórias grandes e complicadas para ler.
Provavelmente nunca leu livros de histórias dos meus...e não sabe que eu já estou esclarecida sobre quem são os meus pais.
Que confusão!
Eu não quero saber se a tal senhora tem conflitos com os pais ou a televisão se engana a passar as fotografias dos meus pais... quero que o paizinho volte depressa e a mãe deixe de estar triste e cansada, para eu poder brincar e rir como gosto.
E quero voltar para o meu quarto...
Aqui "não cheira a mãe" em todo lado..
Nem os dias amanhecem pela janela com o beijo do pai, quando sai para o trabalho e eu nem abro os olhos, mas sinto o cheiro dele...
Aqui a mãe não tem o nosso cantinho de brincadeira em que jogamos ao faz de conta que....
Porque hão-de chamar biológicos aos meus pais?
Eles chamam-se como todos os pais.

Têm um nome vulgar. Normal.
Ora... Biológico, é lá nome de pai ou de mãe!.
ACCB

Texto brilhante de www.cleopatramoon.blogspot.com

O meu MUITO OBRIGADA EM NOME DE ESMERALDA, a menina que tem dois adultos que lhe querem mais que à própria vida.

terça-feira, janeiro 16, 2007

O QUE É O AMOR?

Desafio feito na blogosfera e editado, para dar resposta a esta pergunta - O que é o AMOR?

segunda-feira, janeiro 15, 2007

POIS...

A diferença entre Portugal e a República Checa é que,

a República Checa tem o governo em Praga mas

Portugal tem a praga no governo.

domingo, janeiro 14, 2007

Mário Crespo - a excelência da resposta

quinta-feira, janeiro 11, 2007

A V A L O N


E porque não Atlantida?

E porque não Pleíades?

Avalon...

Quarta Dimensão para os que vivem aqui por mera Passagem ou engano
ao terem sido teclados por mão divina...

Q U A N D O



quando há solidão no choro...

segunda-feira, janeiro 08, 2007

OLHAR AZUL




Olha para mim,
agora
já.
Só verás um espaço vazio.
Verás um olhar gélido e azul.
Olha-me bem no fundo dos meus olhos.
Onde está o que tinhas de teu?
Olha já.
Não te detenhas nas rugas de cansaço
e desilusão que cavaste.
Olha-me no fundo dos meus olhos.
É sómente um olhar azul
que espelhará o teu desesperado.
Um espaço vazio,
gélido e azul.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

JARDIM



JARDIM

Desgastando o tempo passado,

regressei aqui,

onde madressilvas

caem languidas, perfumadas

e malvas-rosas salpicam o teu jardim.

Sentidos aguçados pelo pólen

disfarçadamente disperso

por abelhas afobadas,

caminho por entre moitas verdes

e pensamentos distantes.

A passarada, num alvoroço,

foge, chilreando incomodada

com a intrusa

do seu paraíso

Mágoa e saudade ficaram guardadas

numa latinha ferrugenta,

encostada a uma velha árvore.

Pisando ao de leve

fui embora.



maria de são pedro