sexta-feira, setembro 29, 2006

APELO MUITO URGENTE



http://vetcondeixa.blogspot.com/2006/09/voluntrios-precisam-se_25.html

«Há umas semanas deu à costa, na Nazaré, um golfinho bébé, que felizmente tem sobrevivido e que precisa da nossa ajuda. Ele está em Quiaios /Figueira da Foz e precisa de companhia 24 horas por dia.
São preciso voluntários para ir para a piscina com o baby.
Tirem um dia ou dois e venham até cá. Eles dão alojamento e comida e o golfinho é tão fofinho que vale mesmo a pena.
Caso não possam vir, mandem o mail aos vossos amigos e espalhem por toda a gente.
Para se inscreverem liguem-me (965076772) ou liguem ao Jorge, o biólogo responsável da equipa (917833834).

ESTÁ A SER ACOMPANHADO EM TODO O MUNDO ESTE CASO ÚNICO DE SOBREVIVENCIA.

Vamos ajudar o golfinho bebé a sobreviver.
Eu já me inscrevi e fui aceite como voluntária.
Vamos ser todos precisos.
VAMOS A ISSO !!!

aos amigos dos blogs, façam favor, reproduzam nos vossos blogs e divulguem.

terça-feira, setembro 26, 2006

ESTOU DE PASSAGEM

e cada vez com mais vontade de partir...

terça-feira, setembro 19, 2006

AGOSTINHO DA SILVA



"Do que você precisa, acima de tudo, é de não se lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos; se eles forem meus, não são seus.
Se o Criador o tivesse querido juntar muito a mim não teríamos talvez dois corpos distintos ou duas cabeças também distintas.
Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha.
É possível que depois da oposição, venha a pensar o mesmo que eu; mas, nessa altura, já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardam no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de não se conformarem.
"7 Cartas a um Jovem Filósofo, Agostinho da Silva

quarta-feira, setembro 13, 2006

Sessão de autógrafos


assinando um sonho...

foto de Fernando Pirote - Notícias da Manhã

dizpositivo

dizpositivo

estou a estrear-me neste blog que me tem elucidado em muitas questões porém o meu último neurónio que se recusa a morrer, obriga-me a colocar esta questão hipotética:
- Se é entregue um relatório escaldante nas mãos da Procuradoria e o silêncio é a resposta, que quer isto dizer?
É apenas uma hipótese-fantasia que passa no último neurónio de uma velhota tonta...

sexta-feira, setembro 08, 2006

ADIVINHEM...

Citação com mais de 2000 anos


"Há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa nem se deixa governar..."

Gaius Julius Caesar (100-44 AC)

sábado, setembro 02, 2006

MORENA





A loba MORENA residente no Centro de Recuperação do Lobo Ibérico foi a capa do meu livro LUA DE LOBOS, sendo a foto abaixo tirada por mim, no Centro, dentro do cercado.

LUA DE LOBOS

Entre a vastidão
do tempo e do espaço,
envolta em neblina,
seria a solidão
mistério completo,
não fora algo
a mover-se
suave e tímido
entre moitas agrestes
e neve branda.
Um lobo magnifico
esfuma-se no horizonte longo.
Persistindo na memória,
guardei no silêncio profundo,
o uivo dolente,
esbatido na madrugada.






E FALASTE POUCO...

Andava tão cansada que já nem dormia.
Sentia cada osso como uma tortura individual e personalizada.
Cada madrugada tornava-se uma total impossibilidade de permanecer na cama e lá me levantava, rabugenta à procura do chá que me acalmava o estômago, que agora afirmara a sua existência com caimbras constantes.
Estas tinham sido as minhas companheiras nas últimas semanas
Atacavam-me à socapa, deixando-me dobrada ao meio, sem controle para poder disfarçar e não incomodar a minha família, impotente e sem saber como me acudir.
Ir ao médico estava nas minhas previsões mais remotas.
Os meus cházinhos, a minha argila e as minhas meditações costumavam resolver estes pequenos problemas do dia-a-dia.
Naquela manhã, resolvi fazer algo que nunca fizera em toda a minha vida. Telefonei para uma amiga que era responsável por uma Reserva de Lobos e perguntei descaradamente se podia ficar lá uns dois dias.
Obviamente que recebi um sim imediato e caloroso.
O meu livro sobre lobos empancara e a minha musa inspiradora tinha tirado férias, provavelmente para a Patagónia ou tinha ido visitar os primos Papuas, deixando-me a mim com ataques de fúria e ao meu editor com ataques de nervos.
Enchi uma mochila com o mínimo necessário para o calor e para o frio porque ia para a Serra e lá abalei dois dias depois.
A estrada de acesso estava péssima, o último Inverno fora tremendo e em algum pontos a berma desaparecera mesmo.
Cheguei a meio da tarde, mas a minha amiga estava desaparecida. Eram perto de trinta hectares de Reserva e para dar a volta àquilo tudo era sempre complicado em termos de tempo.
Em terra de boa gente, portas são para estar abertas para que os amigos vão entrando e foi o que fiz, fui entrando.
Eu levara comigo uns petiscos pois queria era descansar, conversar, absorver a atmosfera dos meus lobos e ver se encontrava a safada da minha musa, não fosse ela ter regressado e não me ter avisado...
Pousei a tralha e acabei por vir sentar-me cá fora, olhando o primeiro cercado onde estavam a Ruiva e o Luar.
Ela como sempre, lá andava toda activa, acima e abaixo, deitando-me um olhar tímido e meio desconfiado.
As dores de estômago tinham desaparecido e eu sentia-me a revigorar de minuto a minuto.
Por fim, lá apareceu a minha amiga, esbaforida a reclamar, de telemóvel ao ouvido, qualquer coisa relacionada redes, vedações e não sei mais o quê.
Desligou e resmungando, comunica-me que tinha de se ausentar e que só viria no dia seguinte porque lhe tinham marcado uma reunião urgente por causa de um subsídio qualquer.
Eu estava por tudo e depois de um belo jantar, ela partiu no jeep barulhento, cortando o silêncio da serra.
Nem abri a televisão, a noite estava quente e depois de por as redes mosquiteiras nas janelas, deitei-me. Quando faz calor na serra, é bem difícil de dormir e eu acabei por me levantar.
Abri a porta para entrar um pouco de ar mas o sono não vinha e o calor não abrandava. Voltei para a cama mas depois de mais umas quantas voltas, levantei-me novamente e fui beber um copo de leite.
Ao virar-me para entrar no quarto, bato com o copo na ombreira da porta, salpicando tudo em redor.
Definitivamente, só fazia asneira e o melhor era ir-me deitar e dormir.
De madrugada, acordei em sobressalto com a sensação de que não estava só.
Acendi o candeeirinho de mesa de cabeceira, olhando em redor mas nada de estranho se encontrava no quarto.
Fiquei sentada na cama, meio confusa, a sentir-me ainda cheia de sono quando de súbito me lembrei do que acabara de sonhar.
Um lobo castanho fulvo entrara no quarto e acercando-se, cheirara-me cuidadoso e tímido.
Depois devagar, lambera-me a cara e num sussurro, murmurara algo como: - - - Gosto de ti...
Levei instintivamente a mão ao rosto e estava meio húmido.
Credo!!!
Devia ser transpiração, estava um calor danado.
Fui à casa de banho e chapinhei a cara com água fria porque aquilo estava a incomodar-me.
Que raio de sonho mais vivido!!!
Tornei a deitar-me e três horas depois, acordei com a minha amiga a reclamar comigo, por causa da porta escancarada.
- Esta mulher é maluca! Ainda ontem eu estive a reclamar com um fulano que ficou de vir arranjar a cerca do Red. E tu ouviste muito bem. Aquilo não está seguro. Imagina que algum lobo foge...e tu de porta aberta...
Encolhi os ombros.
Nunca tivera medo de lobos.
Nunca conseguira entender esse terror atávico das pessoas a esses magníficos animais...isso transcendia-me.
Se calhar também tinha a ver com o sentido de fidelidade ao seu companheiro de toda a vida, que nos humanos não é propriamente pródigo.
Entretanto tinham chegado os operários para reparar as redes e a minha amiga foi com eles.
O cercado era no fundo da propriedade e ainda iria demorar um bocado antes de conseguir comer qualquer coisita.
Como ela nunca mais voltasse e eu quisesse tomar o pequeno almoço acompanhada, resolvi ir lá baixo, pois sempre andava um pouco a pé e aquele cheirinho dos eucaliptos e dos renovos de pinheiro, era irresistível.
Encontrei-a histérica.
- Graças a Deus! Graças a Deus! Estão todos lá dentro !
Imagina que abriram um buraco no sitio onde a rede estava frouxa e devem ter estado a tentar sair por ali! Até tem pêlos lá presos!
Não fugiram por milagre.
E num suspiro bem fundo :
- Já consegui vê-los, aos quatro...
Fiquei calada.
A sensação da língua macia do lobo na minha cara, voltou num ápice.
E aquele sussurro...
Não! Estava doida de todo!
Ainda bem que resolvera ir descansar ali porque o meu estado era bem pior do que eu pensava.
O stress de facto, além de matar, na fase anterior, endoidece as pessoas.
O estômago já tinha começado a chiar, de fome e nervos.
Ia começar com uma crise das tais que me deixavam enrolada como um bicho-de-conta gigante.
Subimos a ladeira e entrámos no fresco acolhedor da cozinha, pois lá fora já começava a ficar escaldante.
O meu estômago parecia uma pedra tal era a violência do espasmo e apressei-me a por a água ao lume e a abrir o saco do pão, acabadinho de trazer, pelo senhor Manuel, lá debaixo da aldeia.
O pequeno almoço vinha mesmo a calhar, pois com o meu chá de cidreira, bem quentinho, as dores acalmavam logo.
- O que é isto, aqui no chão?- perguntou a minha amiga de dedo espetado.
Como ela não saía da frente, tive que me por em bicos dos pés para poder ver.
Várias pégadas iam e vinham da cozinha para o quarto e do quarto para a cozinha, patinhadas no leite que eu entornara.
Um silencio opaco ficou a pairar.
- Dormiste de porta aberta?
- Estava calor...

do livro LUA DE LOBOS
maria de são pedro