quinta-feira, agosto 24, 2006

LINCE IBÉRICO


AINDA VIVO
Numa semana em que mais dois linces ibéricos morreram atropelados na estrada espanhola A-483 que liga Almonte a Matalascanhas (Huelva), a descrença começa a ganhar vantagem à esperança.

Por isso queria dedicar o texto em baixo, de alguem que sentiu há mais de 25 anos, aquilo que alguns continuam a sentir actualmente. Podem nunca chegar a lê-lo mas aqui está ele para todos os nossos ministros do ambiente, primeiros ministros, presidentes, empresários e industriais, professores e jornalistas, ideólogos e gente comum, que deixaram o nosso Linçe Ibérico morrer silenciosamente.

A quem levantou e ainda levanta a voz...Obrigado, Gracias.

"Despachem-se. Saúdem-me antes que reste de mim apenas a lembrança. Leva-me, a galope, o esquecimento a que tudo hoje se destina. Quero dizer que me escapo mais rapidamente do que os vossos desejos.
Nada deterá a minha ida até à segura guarida da morte? Não porão a tempo nenhum obstáculo à minha corrida até à recordação? E se toda a ausência é ruína?
Como e quando acabará o extermínio? Se hoje ainda me encontram, mais provável em vitrines que no meu lugar de verdo espesso, amanhã pode ser tarde.
Só na memória de poucos estarei então, definitivamente indefeso como esses diminutos pássaros migrantes que são alcançados por uma tempestade em alto mar, e lhes ataranta a brusca caída das àguas do céu, precipitando-se espectantes, para abraçar as suas irmãs do oceano...
Mas viver na recordação não me consola pois isso tambem é morrer. Não há evocação suficientemente grande.
Ainda assim, nestes poucos dias que me restam, ocupo-me a olhar para trás, para o tempo passado, quando havia sitio para todos e isto estava repleto de sons, de cores e cheiros...que acompanham a saúde da terra. Ânsia desde logo, pela vossa ausência. E por isso espero devolver-vos o sentimento. E ao contrário, quero imaginar, que por uma vez, arrependidos a tempo, o vosso calor golpeia a terra humida e nós ressuscitamos.
Algo teria de mudar, como estas palavras de agora, como este gritar vossos nomes, até afogarmos na penumbra que tudo desvanece.
Têm de travar este imenso mal crispado! Têm de socorrer tudo o que se agita nos últimos charcos de chuva: pois a maioria somos já peixes encurralados pela séca chamada progresso!
Nisso penso, como todos os sentenciados, para poder suportar os últimos instantes.
Mas sei que me extingo.
Até logo então...
O LINCE "
Texto do espanhol Joaquim Araujo (1980)
post extraído do blog
THE RainbowWarrior

terça-feira, agosto 22, 2006

O estúpido não esquece e não perdoa.

O ingênuo esquece e perdoa.

O sábio perdoa mas não esquece."

quarta-feira, agosto 16, 2006

E NÂO SE PODE PARAR DE ATACAR ESTE PROBLEMA SOCIAL

Tenho 49 anos e estou presa porque matei o meu marido.
Estou em prisão preventiva e recusei advogado de defesa.
Defesa para quê?
De quê?
De quem?
Matei o monstro que me espancou e violou de todas as formas e feitios durante vinte e sete anos.
Um dia perdi o MEDO.
Esperei que adormecesse e esfaqueei-o vinte sete vezes.
Uma facada por cada ano roubado da minha vida.
Estou serena.
Nunca me senti tão tranquila na minha vida.
Vivo numa prisão onde sou respeitada.
Onde tenho alimento.
Onde ninguém me viola ou espanca.
Consigo sentir-me feliz e durmo tranquila como não dormia há vinte sete anos.
Caso VIII

Um dos casos que eu foco no meu livro SENHORES DO MEDO e que mais me chocou.

E não tem a ver com dependencia financeira... isso é uma minoria, embora seja um dado adquirido ser a grande razão do silêncio.
Não é.
Melhor que eu, alguém que escreveu o Prefácio dos Senhores do Medo.


Prefácio

Sobreviver ao SENHOR
Viver sem MEDO

Foi para mim um grato prazer colaborar com a Maria de São Pedro e muito me honrou o seu convite para escrever estas breves palavras.
Numa leitura clara, numa linguagem directa, na voz da primeira pessoa, Maria espelha, sem rodeios, as várias molduras da vitimação.
Não procure aqui, o leitor, explicações cientificas ou saberes enciclopédicos – antes encontrará histórias de Vida – sendo a partilha, a intenção da escritora.
Este livro reflecte, com grande respeito, o contacto com as vítimas de crime, a sua atenta audição e a sensibilidade de quem sabe, com rigor, descrever e dar voz ao sofrimento, às suas lutas e às suas batalhas ganhas.
Ressalte-se um inegável mérito – este livro vem desmistificar os fantasmas que permanecem na mente de muitos – por ignorância ou por irónico sentido de oportunidade.
Aqui, nestas histórias de Vida, não encontramos relatos miserabilistas, mas antes, vozes de força, coragem e mudança.
Em SENHORES DO MEDO, encontramos a dimensão do crime da violência doméstica, hoje crime público, que a todos diz respeito, como um fenómeno transversal – ele vive e convive entre ricos e pobres; ele é praticado por agressores com e sem adições; ele impõe-se pela manipulação psicológica exercida sobre a mulher, vítima deste violento crime, seja ele física, psicológica ou sexualmente praticado
Para quem, com irresponsável facilitismo, condena essas mulheres por permanecerem anos em vidas dramáticas, será útil ouvir a denúncia na primeira pessoa, da cegueira que não lhes permite ver a saída porque teimam em questionar o inquestionável, mergulhadas na ambiguidade dos afectos e da racionalidade, da vergonha e do medo, da certeza e da dúvida, do desespero e da esperança.
Maria de São Pedro retrata-nos as diferentes facetas da violência – no seu livro SENHORES DO MEDO onde sentimos o peso das mais diversas máscaras usadas para tapar cada marca.
Com esta leitura, compreendemos que os actores da violência conhecem perfeitamente o seu papel.
Resta perguntar aos espectadores se querem assistir ou exercer o seu dever como cidadão, denunciando, falando, intervindo.
Maria de São Pedro rompeu o silêncio das vítimas, dando-lhes a voz legítima de SENHORAS SEM MEDO.
Dra. Rosário Figueiredo
APAV

domingo, agosto 13, 2006

ATÉ QUANDO ???

jovem - 26 anos - queimada viva pelo marido
mulher - 53 anos - morta a tiro no dia do aniversário pelo ex-companheiro
mulher - 45 anos - morta com onze facadas pelo marido
mulher - 74 anos - sobrevive a cinco facadas do marido

Quando o medo é maior que a revolta, elas acabam por ser mortas.

sexta-feira, agosto 11, 2006

SENHORES DO MEDO



E porque a violência doméstica, embora mais denunciada, continua em larga escala, venho lembrar que tudo o que se possa fazer ou denunciar nunca será pouco.

segunda-feira, agosto 07, 2006

CALOR


a Maria transformou-se em água...

quinta-feira, agosto 03, 2006

fazendo um livro

Acredito que quando se escreve um livro nos ligamos a uma Fonte e que dela vão jorrando informações, frases e ideias.
Mas além de tudo, ela nos inunda de sentimentos que nos faz criar as personagens e dar-lhes vida.
É esse acto de criação que nos responsabiliza pela vida das personagens e que nos impele a dar um desfecho ao livro.
Estou a meio do meu novo livro e elas(as personagens) já se movem sem quase pedir permissão :)
No que eu e fui meter desta vez ::))

terça-feira, agosto 01, 2006

DESCULPE... MAS A VIDA ESTÁ À SUA ESPERA


Ando a ler um livro muito interessante intitulado:
Desculpe... mas a vida está à sua espera.
Ensina a apenas pensarmos durante 16 segundos no que nos magoa, nos incomoda ou que até nos massacra e explica que a partir dos 16 segundos essa energia negativa fica gravada e atrai outras energias negativas, formando uma imensa bola de lixo energético do qual é muito dificil sair...
E nós somos energia ligada inevitavelmente a outras.
De facto, a maior parte das coisas que nos incomodam diariamente não valem mais de 16 segundos da nossa atenção ::))

O mundo e o universo são energia. Tudo é energia. Podemos dominá-la ou ser suas vítimas. Ao aprender a controlar o sentido e o fluxo da nossa energia electromagnética, estamos a aprender a assumir o controle do nosso próprio destino, a encaminhar a nossa vida na direcção que queremos.

Somos seres electromagnéticos com uma capacidade espantosa para atrair magneticamente para as nossas vidas o que desejamos no mundo, controlando os sentimentos que têm origem nos nossos pensamentos.

Através de uma abordagem optimista, bem-humorada e até um pouco irreverente, Lynn Grabhorn dá-nos a conhecer a Lei da Atracção, de acordo com a qual as vibrações que enviamos são iguais às que atraímos.

Em Desculpe, mas… a sua vida está à espera, a autora explica-nos porque é que a saúde nos falha e temos vidas espirituais vazias, a maioria dos nossos sonhos nunca se concretizou, as nossas contas bancárias persistem em ter saldos baixos e os relacionamentos são difíceis.