quarta-feira, março 23, 2005

DARK SIDE OF THE MOON

Perante o último ano de vivência em Portugal, o meu lado oculto começou a manifestar-se de modo repentino, aos arrancos, como uma mariscada mal digerida que tem de ser expulsa à força.
Sempre me considerei não uma pacifista, mas um ser humano pacífico.
Pois.
Dei comigo a largar palavrões que fariam corar um carroceiro, alguns até ditos pela primeira vez que deixaram a família abismada e num silêncio atordoado.
Dei por mim a dizer friamente - a estes, abatia-os e dormia essa noite melhor que nunca.
Dei por mim...

Afinal, todos nós temos um DARK SIDE OF THE MOON.
É só preciso vir um "it" e dar-lhe um puxão.
Ele vem.

segunda-feira, março 21, 2005

DIA MUNDIAL DA POESIA...MAIS UM DIA

MANHÃ FRIA

Começado numa manhã fria,
insegura de sol e desejos,
o Amor caiu, desamparado.
O rio mansamente levou-o,
entregando-o ao mar,
insaciável e apaixonado.
Nadou entre corais e medusas,
dançou com algas e cavalos marinhos.
Quando se cansou...
enrolou-se,
qual gato de telhado numa concha,
repousando numa pérola.
Todos os dias, caminho descalça
desfazendo a areia
numa busca infinita
de uma concha molhada,
uma pérola
e algo divino enroscado nela.
O Amor será de novo aconchegado
nos braços de uma Mulher.

sábado, março 19, 2005

TEMPO BREVE

a mesa da cozinha foi comprada comprida, bancos corridos porque a teoria era "chega mais pra lá " e assim cabia sempre mais um.

quando demos por nós, estavamos dois patarecos a uma ponta da mesa a olhar lugares silenciosos e vazios... que se enchem sempre inesperadamente e com um ruido de conversas trocadas e alegres.

como o tempo passou rápido...

quinta-feira, março 17, 2005

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA


Continua-se a matar mulheres em Portugal com morte friamente anunciada pelo marido da vítima ou vítimas.


ATÉ QUANDO ???????

LOBO MEU...

Lobo meu

Amar-te à distancia
de um pulo de um gato.
Envolver-te em lembranças lindas
como um cobertor de um bebé.
Olhar-te,
pestanas baixas,
derretida como chocolate quente,
servido em noite de temporal.
Rebolar na erva fresca,
debaixo de sol.
Deslizar em lençóis,
acabadinhos de passar a ferro.
Sentir o arrepio
de chapinhar numa água gelada.
Morrer de paixão,
num sussurro
soprado morno,
nos braços do meu homem.
Pela Eternidade caminharás,
roçando o teu pelo
em mim.
Lobo meu.

segunda-feira, março 14, 2005

Um
"chega-te para lá..."
resmungado nos mornos lençóis,
não passará
nunca
de uma pequena morte
diária e banal.

domingo, março 13, 2005

porquê? apenas porque sim.
o domingo está a terminar... já noite.

sábado, março 12, 2005

TRAVESSIA


Depois de canseiras,

desânimos

e sonhos breves,

seguindo vidas

que não eram minhas,

embora gémeas.

Alvoroçada a procurar destino

longo e sólido.

Atravessando

o lago da minha tranquilidade,

cheguei finalmente

a ti.

sexta-feira, março 11, 2005

Suspirou, olhos doces
pousados no rio.
Noite finda
em leito-solidão,
ela caminha
na suave areia
de mansas margens.
É manhã na água.
Inverno na vida.

terça-feira, março 08, 2005

TREZENTOS E SESSENTA E CINCO DIAS fora o ano bissexto que tem mais UM!!! Qual dia da mulher, qual carapuça.
definitivamente estou fotópia do meu quadro "MARIA DO VENTO" pois tinha pensado não me referir sequer ao dia da mulher... mas que dia???!!! Um dia????
Tinha pensado não comentar sequer uma sentença de winston churchill(com letra pequena) àcerca de uma semelhança acentuada (segundo ele) entre o homem e o porco. Cada um procura o animal a quem mais se assemelha.
Alguem experimentou olhar um lobo de frente, bem perto e à mesma altura?
Não de cima, não de baixo... à mesma altura?
É capaz de haver menos porcos-humanos do que winston churchill imagina.
Ao longe, ao luar

Fernando Pessoa
Ao longe, ao luar,

No rio uma vela,

Serena a passar,

Que é que me revela ?

Não sei, mas meu ser

Tornou-se-me estranho,

E eu sonho sem ver

Os sonhos que tenho.
Que angústia me enlaça ?

Que amor não se explica ?

É a vela que passa

Na noite que fica.

domingo, março 06, 2005

PABLO NERUDA NO SEU MELHOR :::))
Poema XX
Puedo Ecribir Los Versos

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Escribir, por ejemplo: "La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos".
El viento de la noche gira en el cielo y canta.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.

En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
¡La besé tantas veces bajo el cielo infinito!
Ella me quiso, a veces yo también la quería.
¡Como no haber amado sus grandes ojos fijos!
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido,

Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.
Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.
Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.
La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.
Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise!
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.
De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.
Porque en noches como ésta, la tuve entre mis brazos,
mi alma no se contenta con haberla perdido.
Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo.


sábado, março 05, 2005

DESERTO


Contra o costado de uma nave de loucos,
ondula a areia fina do deserto-magia.
Repuxos frescos de luar
assomam entre os mastros de velas
enfunadas por sopro misterioso.
Indiferentes e frágeis,
dançamos, leves,
no tombadilho inclinado,
ao som de um prelude de Chopin.
Nos preciosos espelhos venezianos,
estranhamente espalhados contra a amurada,
nada é reflectido.
Um navio descansa,
(desafiando a compreensão humana),
nas dunas vermelhas e macias,
no vale do silencio.

sexta-feira, março 04, 2005

Segue um artigo de Leonardo Boff, que saiu no dia 5/3 no JB, muito interessante:
>>
>>A Ressonância Schumann
>>
>>Não apenas as pessoas mais idosas mas também jovens fazem a experiência de que tudo está se acelerando excessivamente. Ontem foi Carnaval, dentro de pouco será Páscoa, mais um pouco, Natal. Esse sentimento é ilusório ou tem base real?
>>
>>Pela ressonância Schumann se procura dar uma explicação. O físico alemão W.O. Schumann constatou em 1952 que a Terra é cercada por
>>um campo eletromagnético poderoso que se forma entre o solo e a parte inferior da ionosfera, cerca de 100km acima de nós. Esse campo possui uma ressonância (dai chamar-se ressonância Schumann), mais ou menos constante, da ordem de 7,83 pulsações por segundo. Funciona como uma espécie de marca-passo, responsável pelo equilíbrio da biosfera, condição comum de todas as formas de vida. Verificou-se também que todos os vertebrados e o nosso cérebro são dotados da mesma frequência de 7,83 hertz.
>>
>>Empiricamente fez-se a constatação de que não podemos ser saudáveis fora dessa frequência biológica natural. Sempre que os astronautas, em razão das viagens espaciais, ficavam fora da ressonância Schumann, adoeciam.
>>Mas submetidos à ação de um simulador Schumann recuperavam o equilíbrio e a saúde.
>>Por milhares de anos as batidas do coração da Terra tinham essa freqüência de pulsações e a vida se desenrolava em relativo equilíbrio ecológico.
>>Ocorre que a partir dos anos 80, e de forma mais acentuada a partir dos anos 90, a freqüência passou de 7,83 para 11 e para 13 hertz por segundo.
O coração da Terra disparou.
>> Coincidentemente, desequilíbrios ecológicos se fizeram sentir: perturbações climáticas, maior atividade dos vulcões, crescimento de tensões e conflitos no mundo e aumento geral de comportamentos desviantes nas pessoas, entre outros. Devido à aceleração geral, a jornada de 24 horas, na verdade, é somente de 16 horas. Portanto, a percepção de que tudo está passando rápido demais não é ilusória, mas teria base real nesse transtorno da ressonância Schumann.
>>
>>Gaia, esse superorganismo vivo que é a Mãe Terra, deverá estar buscando formas de retornar a seu equilíbrio natural. E vai consegui-lo, mas não sabemos a que preço, a ser pago pela biosfera e pelos seres humanos.
>>Aqui abre-se o espaço para grupos esotéricos e outros futuristas projetarem cenários, ora dramáticos, com catástrofes terríveis, ora esperançadores, como a irrupção da quarta dimensão, pela qual todos seremos mais intuitivos, mais espirituais e mais sintonizados com o biorritmo da Terra.
>>
>>Não pretendo reforçar esse tipo de leitura. Apenas enfatizo a tese recorrente entre grandes cosmólogos e biólogos de que a Terra é, efetivamente, um superorganismo vivo, de que Terra e humanidade formamos uma única entidade, como os astronautas testemunham de suas naves espaciais. Nós, seres humanos, somos Terra que sente, pensa, ama e venera.
>>Porque somos isso, possuímos a mesma natureza bioelétrica e estamos envoltos pelas mesmas ondas ressonantes Schumann.
>>
>>Se queremos que a Terra reencontre seu equilíbrio, devemos começar por nós mesmos: fazer tudo sem estresse, com mais serenidade, com mais amor, que é uma energia essencialmente harmonizadora. Para isso importa termos coragem de ser anticultura dominante, que nos obriga a ser cada vez mais competitivos e efetivos. Precisamos respirar juntos com a Terra, para conspirar com ela pela paz.

quinta-feira, março 03, 2005


Tenho 49 anos e estou presa porque matei o meu marido.
Estou em prisão preventiva e recusei advogado de defesa.
Defesa para quê?
De quê?
De quem?
Matei o monstro que me espancou e violou de todas as formas e feitios durante vinte e sete anos.
Um dia perdi o MEDO.
Esperei que adormecesse e esfaqueei-o vinte sete vezes.
Uma facada por cada ano roubado da minha vida.
Estou serena.
Nunca me senti tão tranquila na minha vida.
Vivo numa prisão onde sou respeitada.
Onde tenho alimento.
Onde ninguém me viola ou espanca.
Consigo sentir-me feliz e durmo tranquila como não dormia há vinte sete anos.
Caso VIII

Medo ao jantar
Numa altura em que se assiste a uma perigosa vulgarização de todas as formas de violência, lançar um livro em que são descritos episódios que são verdadeiros hinos à desumanidade, pode parecer somente mais um capítulo da inefável tragédia que é a vida moderna. Hoje, a violência tornou-se novela e é consumida enquanto tal. Histórias horríveis como as que são descritas em SENHORES DO MEDO são alegremente digeridas pela família em frente à televisão, à hora do jantar. Notícias em que o espancamento, a tortura e o medo reinam, transformaram-se nas "Gabrielas" ou nas "Vilas Faias" da pós-modernidade. A época da "fast-food" convive agora amenamente com um tempo de "fast-violence". Perante este estado de coisas, o que fazer? Maria de São Pedro dá a resposta. A sua. E a sua resposta é um grito. De revolta, mas também de esperança. Dando voz a vinte mulheres torturadas pela vida, a autora insiste em não calar. Em resistir e em tornar únicas histórias de violência que, mais do que um rápido e quase assassino consumo, merecem ser consideradas um convite à reflexão sobre o ponto em que o Homem - a Sociedade - se encontra.
Fernando Esteves - Jornalista
“Em SENHORES DO MEDO, encontramos a dimensão do crime da violência doméstica, hoje crime público, que a todos diz respeito, como um fenómeno transversal – ele vive e convive entre ricos e pobres; ele é praticado por agressores com e sem adições; ele impõe-se pela manipulação psicológica exercida sobre a mulher, vítima deste violento crime, seja ele física, psicológica ou sexualmente praticado.”
Dra. Maria do Rosário Figueiredo
Psicóloga
PARECE SER PUBLICIDADE BARATA MAS NÃO - É MAIS UMA DAS MINHAS LUTAS. E descobri que o fenómeno que se processa aqui na blogosfera é no mínimo inacreditável - este tema é e continua a ser INCÓMODO.Haverá muito poucos bloguistas que o comentarão porque é INCÓMODO!!! Porque a Violência Doméstica está a aumentar mas também a ser muito mais denunciada. Mais de 10.000 casos no último ano, apresentados à APAV.Extraído do meu livro Senhores do Medo, o caso mais gritante e mais curto pois nenhuma violência é contabilizavel a não ser por palavras e essas podem ser muito parcas.

quarta-feira, março 02, 2005

Chegaste aqui

num torvelinho de pensamentos...

Esvoaçaste o teu desejo

devagar,

sem pressa.

Muitas vezes voltaste,

espraiando as tuas asinhas

penugentas.

A névoa suave

que eu era,

tornou-se numa nuvem branca,

imponente e rechonchuda,

deslizando, céu fora.

Então pudeste descansar,

fechar as asas

e redescobrir a Vida.


peço desculpa pelos erros ortográficos mas fui interrompida pelo telefone vezes demais
Só mais tarde é que me lembrei que o marmanjo estaa armado e que se lhe tem dado para destar aos tiros dentro do carro se calhar, não havia este blog ::))
Aproximei-me perigosamente da bocarra do marmanjo e ia tombando com o bafo a aguardente.Aí passei-me dos carretos e dei-lhe voz de prisão. Nessa altura a minha fla(com 11 anitos e a conhecer a mãe que tem) saltou do carro e disse- vou já para as aulas!Então, manei-o entrar para o banco traseiro do carro,ele entrou a resmungar que eu não podia prender e eu a dizer que si a aa que é pardal-esquadra de Carcavelos com ele.Parei o carro junto ao PSP de plantão e disse-lhe- fazem favor tiram o vosso colega do carro porque o prendi.Agora descalçem a bota que não o quero ver mais...nem cheirar!!
uma manhã ia levar a minha filha mais velha à escola, quando um PSP se me atravessa na estrada (eu ia uns 20KMS/h) porque ia já parar junto ao colégio.Pediu-me os documentos, levou bem uns 10 minutos a traduzi-los(presumo), depois mandou-me acender as luzes, carregar no travão( e o tempo a passar)voltou a pedir-me os documentos e depois manda-me sair do carro.Nesta altura eu já estava a deitar fumo pelas orelhas com a mina filha a bichanar-me para eu me aguentar.Quando o dito agente me manda espreitar (com ele) para debaixo do carro, aí desconfiei!!!
O MENINO DO AMANHÃ




E quando o tempo correr

para o Menino de Agora?

Flor murcha

na poluição negra, viverás,

rolarás sobre ti mesmo,

numa vertigem

de força e espirito.

A flor seca regressará

ao império dos vivos.

Desdobrar-te ás

numa loucura de cores

brilhantes, cegas de Luz.

Energia pura faiscará das tuas mãos,

curando, protegendo,

amando.

Menino do Amanhã,

quanto tempo ainda sem te ver...

terça-feira, março 01, 2005

É um dos animais que mais me fascina, na sua suavidade de deslocação, na sua forma espacial, na sua envergadura. Gostava de nadar no meio deles, de comunicar e de receber um sinal de reconhecimento.